quarta-feira, 28 de maio de 2025

Decisão do STJ pode abrir caminho para liberdade de Wendel Lagartixa

Caso recente no Rio Grande do Norte reforça tese de ilegalidade em prisão preventiva sem pedido do Ministério Público

O policial reformado Wendel Fagner Cortez de Almeida, mais conhecido como Wendel Lagartixa, pode estar próximo de conseguir a liberdade. Isso porque uma decisão recente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reacende o debate sobre a legalidade de prisões preventivas decretadas sem a devida provocação do Ministério Público — o que, segundo a legislação, é vedado.

Na última segunda-feira (26/05), o STJ anulou a prisão preventiva de Francisco Rogério da Cruz, acusado de envolvimento no chamado “caso Redinha”. O crime, que ocorreu em setembro de 2023 na Zona Norte de Natal/RN, deixou três mortos e outras três pessoas feridas, provocando forte comoção na capital potiguar.

Na ocasião, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte havia determinado a prisão de Rogério da Cruz sem requerimento prévio do Ministério Público, o que, de acordo com a Lei n° 13.964/2019 — o chamado Pacote Anticrime —, configura ilegalidade processual. A defesa impetrou habeas corpus alegando nulidade da decisão, sustentada pelas novas diretrizes legais.

O Ministro Messod Azulay Neto, relator do habeas corpus, concordou com a argumentação e revogou a prisão. Em seu voto, destacou que permitir a decretação de prisão preventiva sem a devida provocação do órgão acusador não apenas infringe a legislação vigente, mas também compromete garantias constitucionais e fragiliza o equilíbrio do sistema penal brasileiro.

Diante desse precedente, a defesa de Wendel Lagartixa avalia utilizar a mesma linha de argumentação para tentar a revogação de sua prisão. Caso seja constatado que a decisão judicial que o manteve preso também ocorreu sem solicitação formal do Ministério Público, a situação de Lagartixa pode seguir o mesmo desfecho.

O caso reacende discussões sobre o respeito ao devido processo legal e o papel fiscalizador do Judiciário, especialmente em momentos de forte comoção social e pressões por respostas rápidas do sistema de Justiça criminal.

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